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sexta-feira, 1 de maio de 2009

CONSTELAÇÕES FAMILIARES

ADICIONANDO AO PERDÃO UM SIGNIFICADO MAIOR!

As mudanças não costumam pedir licença para chegar e acontecer nas nossas vidas. Muitas delas nos pegam de "surpresa", arrastando-nos para o novo, não sem antes aprendermos algo que nossa alma necessita para evoluir. Quando a dor e o sofrimento fazem-se presentes, buscamos dentro de nós aquilo que já aprendemos, que está "armazenado" na nossa vivência familiar. Em certas vezes, conseguimos a solução mas, em outras tantas precisamos acoplar visões novas a tantas situações que podem incluir o desapego do antigo! Até parar de "doer", seguir com todas as nossas forças pode significar viver ou morrer, lidando com a frustração, com a raiva, o ódio, a vingança, o abandono, a tristeza, a depressão, que nos mostram uma maneira de amar que em Constelações Sistêmicas Familiares chamamos de "amor cego"! Quem disse que por trás da raiva não está escondido um grande amor? Constelações Sistêmicas Familiares é um trabalho que foi criado por um homem muito especial, um alemão chamado Bert Hellinger que propicia o desvelar de amores e dores abrindo-nos a percepções muito maiores e belas da vida que existem potencialmente em nossas almas, escondidas, esperando pelo nosso "permitir" existir.
Uma delas inclui nosso conceito de perdão. Coloca-nos em confronto com uma idéia que pode ampliar-se, crescendo na Luz de nossa compreensão. E, para isso, nada melhor do que ele, o próprio Hellinger, conte para você. O texto abaixo, leia-o com o coração.
Abraços afetuosos!


PROPOSITALMENTE CEGO(Bert Hellinger)Refleti sobre o significado do ato de perdoar alguém. Será que temos esse direito de conceder o perdão? Quando imagino o que se passa na alma, à medida que falamos ou pensamos em perdão, sinto que “Perdão só pode existir em questões pequenas e com reciprocidade”.Quando alguém se torna culpado de algo, por exemplo, machucando outra pessoa, então o perdão de maior efeito é silencioso. Sem palavras. Na verdade, ele é apenas um ato de indulgência, de esquecer o acontecido, passamos por cima do ocorrido. Agindo assim, o outro sente o amor. Quando sente que eu talvez também tenha feito algo que me torna culpado em relação a ele, responderá da mesma maneira, passará por cima e o esquecerá. Esta é uma maneira muito humana de perdoar. Em princípio, trata-se de indulgência, simplesmente.Se alguém em um relacionamento falar: “Eu lhe perdôo”, passa-se algo completamente diferente na alma. Quem diz “Eu lhe perdôo” ao mesmo tempo culpa alguém de algo. Esse perdão verbalizado separa, não pode salvar um relacionamento, muito pelo contrário, destrói-o.O que acontece com aqueles que estão dispostos a lhe dizer: “Eu lhe perdôo?” O que fazem através dessas palavras? Será que têm o direito de agir dessa maneira? A quem compete dar esse perdão? Quem disser algo assim posiciona-se ao lado de um poder maior ou até acima dele, como se pudesse decretar a culpa ou a inocência ou, em última instância, a vida e a morte.Quando o perdão não é esperado e concedido, a grandeza daquilo que ocorreu permanece intocada. O culpado mantém sua dignidade na medida que não espera por perdão e nós respeitamos sua dignidade, na medida em que não o perdoamos. Ele está entregue a algo maior. Nenhum ser humano pode interferir.Mais um ponto está ligado a esse tipo de situação. Uma grande culpa dá força quando assumimos e aceitamos suas conseqüências. Concede ao culpado a força de realizar algo que os inocentes nunca seriam capazes de realizar, por não terem essa força. Portanto, também precisamos olhar para a culpa nesse contexto maior.Mesmo assim, de certa maneira, podemos nos voltar para aqueles que não podem mais esperar o perdão. Como? Através da benevolência.O que é benevolência? É o movimento do coração e da alma, frente a um sofrimento e uma culpa que não podem ser eliminados. Então fazemos alguns atos de benevolência, sabemos, porém, que com isso a culpa e o sofrimento não podem ser eliminados. Na benevolência somos iguais aos outros. Concordamos com a impotência que os envolve e também nos sentimos impotentes. Aquele que é benevolente não julga e não perdoa, nem um nem outro. Ele apenas está presente e não se coloca acima de ninguém.O que disse aqui sobre perdão, sobre negação do perdão e sobre a benevolência, em princípio, disse sobre o amor. Trata-se, porém, de um amor especial, está além e acima do amor que ainda exige algo.O amor é indulgente e duplamente cego. Quando, por exemplo, um homem encontra uma mulher e eles se apaixonam, ambos são cegos. Quando, depois, conhecem-se lentamente, ficam cegos propositalmente. Por amor não querem enxergar algumas coisas e também por serem indulgentes.Podemos agir assim, de um modo geral, quando conhecemos outras pessoas. Cegos, tornamo-nos capazes de ver. Por sermos cegos e indulgentes, vemos mais. Não é bonito movimentar-se assim pelo mundo, cego e capaz de ver ao mesmo tempo? E como faz bem ao coração?

Maria Beatriz Szili - consteladora sistêmica

biaconstelar@gmail.com